Eu queria uma receita de vida, de felicidade não. A felicidade é para bobos, aqueles bobos da Lispector. Eu não sou tão bobo assim para ousar tanta pretensão. Só quero aprender a viver. Conciliar as demandas entre mim e o mundo. Pacificar o coração e domar a mente revolta. Assossegar sob uma árvore e deixar-me cobrir pelas folhas que caem, uma por vez, sem pressa.
Emudeço quando tenho algo a me dizer, engasgo, coço a cabeça, esfrego o rosto com as mãos e dissipo.
Sinto-me tão modesto, parece tão pouco esse ambicioso desejo. Procuro receitas para jogar fora e ter assunto.
Vejo-me os outros, parecem estar todos bem em suas casamatas. Defendamo-nos! Essa parece uma boa receita desde que não se pergunte de que, ou de quem.
Mandem-me uma receita, uma receitinha simples, sem muito tempero para que eu possa não gostar. Mas ponham pimenta. Por garantia de emoção, acrescentem cebolas. Lágrimas sempre limpam alguma coisa. Misturem algo doce, um pouquinho de mel talvez, porque senão nem chegarei perto. Toda vida precisa de uma isca.
Aprender pescar é outra boa receita. Lancem os anzóis. Cuidado com os tubarões, somos vorazes e sem cautela. Queremos uma receita, só pra poder devolver.
Bom para mim, então recomendo
Há 4 anos
2 comentários:
Ahh, eu sou boba duplamente: quero a receita da felicidade e aprecio Lispector...
Oi Genisvaldo,Parabéns!!!
Amei teu blog, teus textos, artigos, penso que a receita da felicidade é o amor, serenidade, paz... tudo forma um conjunto essencial na vida do ser humano, difícil é arregaçar as mangas e colocar a receita em prática.
Um abraço
Mary
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