quarta-feira, 20 de agosto de 2008

AUTAS-FALAÇÕES

Não se assustem com o título, não se trata de um atentado à lingua (talvez até seja), à revelia do escritor. Se o talvez for fato, é um fato consciente. Esclareço, e ao final creio que me entenderão.
Há dias em que me levanto querendo não conversar com ninguem, se pudesse passaria o dia exercitando o mutismo, mas justamente nesses dias estou em pleno falatório mental, é tanta idéia e tanto discurso paralelo que me perco em uma porção deles. Daí surge a justificativa para esse titulo, uma junção de auto com altas. Obviamente o auto por ser comigo mesmo (ou com meus famosos botões) e o altas por serem muitos, mesmo que nem sempre (a maioria) tenham tanta altivez.
Nesses ditos dias, me parece também (quero crer nisso) que fico mais criativo (espero que o titulo seja uma prova - espero que creiam nisso), o entrelaçamento dessas idéias parece promover uma simbiose mental em que fervilham pensamentos inéditos e originais, como o de imitar um avestruz (essa é uma critica mordaz comigo mesmo). Mas pasmem tem umas coisas que extrapolam os indíces mais elevados de narcisismo, me sinto o próprio Pessoa com seus vários heterônimos, quero até batizá-los (podem me ajudar nisso) distintamente para que possam com mais propriedade dialogarem entre si. Falarei de algumas caracteristicas deles, separadamente.
Um deles é bem bucólico, gosta de se remeter à paisagens rurais e eternizar sua infância entre os animais, principalmente entre os cavalos com quem tem afinidade atípica, é discreto e circunspecto.
Um outro é bem falante gosta de dominar os referidos papos, dá paltipes em tudo, tem um senso de autocrítica bem atrofiado, mas é simpático e não chega a ser pedante, herdo dele parte de seu narcisismo.
Outro outro é extremamente mordaz com um humor altamente ferino, sua língua afiada não encontra limites para intervenções cínicas e irônicas, geralmente é ele quem faz os comentários entre parênteses, por aí vocês imaginam a fera.
Um outro outro é um obssessivo comedido, organizado e rigoroso, quer escrever sempre coisas que fazem sentido e tenham utilidade, não gosta de desperdícios, nesses dias (os ditos) sofre muito porque se sente improdutivo.
Outro um é um criativo irresponsável, suas idéias são altamente fantasiosas (suspeito que essa alusão a Pessoa seja dele). Essa denominação "crítico irresponsável" vem dos demais que lhe autorizam com certa condescendência dar vazão às suas alucinações. Ele parece conseguir ser uma antítese dos demais num só tempo, é ingênuo, acredita em fadas, em Papai Noel (no Lula não) é verde até na alma, mas não tem nenhuma articulação política.
Como as idéias continuam vindo e indo com muita rápidez, suspeito que existam outros, mas já estou pensando em outras coisas, afazeres fundamentais para nossa sobrevivência (há quem diz que seja uma senzala) cotidiana. Já não sei quem estou escrevendo, espero que não se incomodem se não entenderem muito (não é pra entender mesmo). Fui.

Um comentário:

Rosana Tibúrcio disse...

Gosto mais, desses aí que você citou, do criativo irresponsável, mas que apreende a diferença de papai-noel e Papai Noel, e faz outros aprenderem também...rs
Vamos dar nomes aos bois... ou aos cavalos, sei lá!! Sugerirei alguns.
É bom acrescentar o outro outro, que amigo, sabe ouvir, aconselhar e dar colo... Esse eu conheço muito bem, há anos!!