sábado, 23 de agosto de 2008

ONDE O MENOS VALE MAIS

Que o Brasil é um país sui-generis ninguém duvida, tem muita estranhisse por aqui (até piores que o chupa-cabras) e por esses dias tem me assolado um pensamento, deflagrado pela postura (satisfeita?) de muitos dos nossos atletas derrotados em suas disputas por medalhas olímpicas. Parece-me que fazemos uma inversão de valores em que o menos vale mais.

Interessantemente isso se aplica à várias esferas bem distintas. Lendo o comentário de Baremblitt, em seu blog http://estocadadodia.blogspot.com/ sobre quem paga a democracia brasileira. Talvez por milagre (creio neles à revelia de meu ceticismo) esse pagador possa mudar no futuro, mas até hoje quem pagou por nossa vacilante democracia foram os pobres e a classe média. Nesse cenário o menos, tem valido mais, pois é ele que tem carregado não somente a democracia como o crescimento da nação. Mesmo sendo esse um lado bom, tem ele sua face obscura, somente aqueles que sentem na pele os sacrifícios que lhes são impostos (impostos nos vários sentidos) sabem dizer o quanto suas feridas são lavadas a lágrimas.

Estou ficando dramático e com isso desenfoco para outra análise desse menos valendo mais, de maneira mais light e não menos crítica. Lembro-me da Tele Sena, aquela do Silvio Santos, essa mesmo. Pois bem o SS (não é nenhuma alusão à "milícia" alemã) mestre em captar representações sociais alterou a forma de contemplação dessa sua loteria que de inicio premiava apenas quem fizesse mais pontos para também premiar quem fizesse menos pontos. Por trás dessa inocente estratégia, subjaz conceitos de valor em que se você for suficientemente capaz ou tiver sorte grande você ganha, mas de igual forma, se você for incompetente e uma "zebra" social haverá prêmios de consolação que no final valerão proporcionalmente muito mais que aqueles que desprenderam inteligência e esforço. Também sob esse paradigma (- v +) inteligência é igual à esperteza, melhor dizendo, esperteza é igual à inteligência. Se toda boa verdade deve permitir seu paradoxo esse menos que vale mais parece estar garantido: enquanto pequemos se agigantam muitas vezes, gigantes tem se apequenado com freqüência.
E o nosso Futebol?

5 comentários:

Rosana Tibúrcio disse...

E nem sempre se pode cantar um "Lalaia...laia la laialalaialaiala" - assim como Toquinho e Vinícius fizeram, tão lindamente -praqueles que abusam da regra três.
Concordo em como tem sido ridículo aplaudir quem pouco fez só porque se fez presente.
Quanto à loteria do Sr. do Baú, concordo não, pois premiava-se aquele que tinha a sorte de fazer menos ponto e que tentava isso em decorrência de uma regra conhecida por todos. Não havia rasteira nem essa pretensão de se achar o máximo, perdendo.

René Rizzi disse...

Quando me referi à premiação da telesena não quiz dizer que se tratava de qualquer tapeação, mas que contém subliminarmente a insersão de um valor que premia o menos, isso a meu ver é extremamente sutil, mas existe. Será que estou ficando paranóico?

Anônimo disse...

Passando "correndinho" só pra dizer que prometo que sempre estarei aqui.
.
nem que seja pra deixar um beijo.

René Rizzi disse...

que prazer Marininha, vem mesmo.

Anônimo disse...

bom comeco